ARTISTA AVULSO
(Márcio Policastro e Ricardo Moreira)



Eu era um artista independente,
mas de tanto que se usa o rótulo indevidamente,
eu decidi sair pela porta da frente,
antes de ter de ir embora, expulso...

Podem me chamar agora, de “artista avulso”.

Artista avulso, e nem por isso diferente,
não canto merengue em esperanto, ou russo,
gosto de estar rodeado de gente,
principalmente, se é pra dar impulso...

Podem me chamar agora, de “artista avulso”.

Já quis ser descoberto, inocente...
Saco hoje “espertos”, só pelo discurso,
descobridores que me vêm à mente,
Somente o Cabral, o Colombo e o Vespúcio


DE DOMINGO A DOMINGO (Ricardo Moreira)



CHEIRO DE FÉRIAS
(Ricardo Moreira)

Flores com cheiro de férias,
na casa da avó...
Avó com suas caras sérias...
de afeto... de dó!

Hoje, o quintal encolheu...
Quem era criança cresceu...
Lá onde eu reencontro,
o verdadeiro eu!

A bola que ia pro vizinho,
a cantoria no caminho...
A manga, o pé de pitanga...
A inesquecível farra,
num dia em que choveu.

O esmagar das uvas
pra fazer bom vinho,
da bela toada entoada ao pinho,
do brinquedo improvisado,
com um velho pneu!...

Depois do esconde-esconde
Ninguém mais se achou,
aquilo se perdeu!.

Imprima a Cifra

SANSÃO E DALILA
Ricardo Moreira



Naquele dia, queria Sansão
que o Mundo acabasse em barranco,
sem carga em sua bateria,
o rapaz não pegava, nem mesmo no tranco...
Quem diria, Dalila, a paixão de sua vida,
estaria ali ao seu lado na fila do banco.
De olho em suas belas formas, sobre um plataforma,
ele nota, a menina torce o tornozelo,
Sansão não vacila e combina de levar Dalila
ao salão onde ela cortava cabelos.
Mesmo quietos, durante o trajeto,
ela chega ao CEP correto, sem gastar com o selo.
Grata, a gata dá um beijo na boca do moço,
antes até de dizer ¨prazer em conhecê-lo!¨
Só então, trocaram telefones,
E em lugar de ¨Adeus¨, um ¨Até logo mais¨...
Dali em diante, foram tantos os meses de amor e de paz.
Sansão não olhava nem para as garotas,
vestindo biquíni, vendendo cerveja em cartaz...
Mas o anúncio de um filho abala o casal,
calmaria sofre um terremoto.
Sem grana, Sansão vende a moto
e Dalila implica até com o santo, ao qual ele é devoto.
De repente, Dalila percebe
que Sansão não pára mais em casa,
E sem ter costume, ela bebe,
sai pra surpreendê-lo... ¨cortar sua asa¨.
Ao pegá-lo na cama, ao lado de uma loura,
se vê num bolero "dor-de-cotovelo",
põe em ação sua hábil tesoura,
e o que vai ao chão, não é asa, muito menos cabelo...
Ainda bem que a parte amputada,
resfriada no gelo, foi reimplantada,
e Sansão, hoje é um homem quase normal
é o que diz, do Hospital, o doutor que tratou de atendê-lo..